"Retratos" da Nisartes: Restaurar o brilho de outros tempos

Num mundo onde impera o consumismo frenético e o binómio usar/deitar fora, parecemos esquecer-nos da importância que podem ter os objectos que nos acompanham, talvez desde o tempo das nossas avós, e o valor real que, com um pouco de cuidado e muita inspiração artística, poderia ser restaurado. É exactamente esta a proposta do stand Artycacos, uma presença muito especial nesta edição da NISARTES, pela especificidade do seu trabalho, que permanece desconhecido para muitos.

Mestras em várias artes, desde a restauração de porcelanas, registos e outras antiguidades, à reciclagem de mobiliário, passando pelos padrões exclusivos (e irrepetíveis) de pinturas decorativas que criam para interiores e exteriores, Raquel Telles Carvalho e Margarida Menezes, as duas artistas e criadoras do atelier Artycacos, são adeptas da máxima "tudo é reciclável, e tudo pode ter vida nova".

Raquel Telles de Carvalho exibe um presépio

E basta um simples olhar para as obras de arte que expõem no seu stand para ficar com a sensação de "prova dada": desde a utilização das portas de um velho roupeiro para construir uma simpática mesinha de centro, passando pela restauração de registos - - de acordo com os modelos clássicos dos séculos XVII e XVIII, um ex-libris do Artycacos, até aos padrões desenhados a tinta pelas artistas, a verdade é que o antigo se transforma em contemporâneo.

Alguns dos registos restaurados no atelier, típicos relicários para guardar pagelas ("santinhos")

Raquel Telles Carvalho confessa que veio até à Nisartes para conseguir alguma publicidade, já que a sua arte permanece desconhecida - e mesmo incompreendida - por muitos dos visitantes. Mas não foi assim para o grupo de notáveis que visitaram a Nisartes no passado fim de semana, alguns deles bem atentos ao que os padrões tradicionais podem oferecer ao contemporâneo...

João Rolo, Carlos Veríssimo e Paula Taborda atentos ao trabalho das artistas

Portanto, da próxima vez que estiver para deitar alguma coisa fora, reconsidere: o tempo pode até ser inimigo da beleza, mas a verdadeira beleza é intemporal. E pode, por vezes, bastar-lhe uma mãozinha de artista...

ArtyCacos

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fotografias: Patrícia Melo Moreira